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  • quinta-feira, 14 de abril de 2011

    Epistephium sclerophyllum Lindley

            Suas flores lembram muito aquelas da Sobralia. Aliás foi a amiga bióloga Ada Benelli quem corrigiu-me nesse sentido, pois inicialmente pensei que estava diante de uma Sobralia. Juntos estivemos em Chapada dos Guimarães, Estado de Mato Grosso,  para revisitar um habitat de mesma planta. Encontramos diversas Epistephium sclerophyllum  floridas neste mês de abril, vegetando nas encostas de morros com capim nativo,  terreno rico em matéria orgânica e rochas areníticas em altitudes acima de 800 metros.  Diferente da Sobralia, facilmente cultivada em jardins, segundo a literatura, a Epistephium sclerophyllum dificilmente adapta-se ao cultivo doméstico, até por conta de sua retirada do habitat, quando corta-se aquilo que parece rizoma, quebrando a planta de raízes profundas. Mesmo pesquisadores com autorização legal para coleta e manutenção de exemplares vivos em herbários oficiais têm tido dificuldade nisso. O mais comum são arquivos de exsicatas, isto é, pedaços da planta coletados, dessecados e arquivados nos herbários oficiais de universidades. Suas flores grandes, bonitas, variam do lilás rosado ao quase violeta, cuja inflorescência terminal apresenta sucessivas florações nesse período. O detalhe especial de sua flor e que difere-a das flores da Sobrália  está na parte interna do labelo comumente trilobado, com uma risca de pequeninos filamentos que vão praticamente da borda deste até sua base. O pedúnculo das flores mais velhas que caem ficam parecendo cápsulas de sementes.epistephium_sclerophyllum

    A Epistephium sclerophyllum Lindley ocorre no Brasil, Peru, Bolívia,   Venezuela e Argentina. Pertence ao gênero Epistephium, descrito primeiramente pelos pesquisadores Humboldt, Bonpland e Kunth (H.B.K.) em 1822 quando foi estudada a espécie Epistephium elatum, coletada por Kunth em Santa Ana, hoje Falan, distrito de Tolima na Colômbia.  O gênero compreende cerca de 30 espécies e é considerado “parente” dos gêneros Vanilla, Pogonia, Isotria e Cleistes, muito embora na comparação com Vanilla, as espécies deste são de crescimento epífito e caule  caracterizado por longa haste flexível enquanto Epistephium são sempre terrestres  e hastes eretas medindo entre 30 cm a 1 metro em média. Ken Cameron, pesquisador da sistemática filogenética no New York  Botanical Garden questiona esse “parentesco”, acreditando que num futuro próximo teremos uma revisão do gênero Epistephium.
     
                                                     
    Ada Benelli quem corrigiu-me Ada  Benelli tem pronto um livro sobre Orquídeas da Chapada dos Guimarães, resultado de anos de pesquisa na região e base de sua tese de mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso. Este livro poderá ser lançado para venda no formato virtual, e deverá ser vendido via website do Orquidário Cuiabá tão logo finalize sua formatação como e-book.  Tive o privilégio de ver em primeira mão o trabalho com fotos e fiquei maravilhado.
     epistephium_sclerophyllum@orquidario_cuiaba 

    A Epistephium sclerophyllum é também descrita por Toscano de Brito e Phillip Cribb no livro “Orquídeas da Chapada Diamantina”, única espécie lá encontrada, conforme descrevem “amplamente distribuida no Brasil, desde o norte e nordeste, até centro-oeste e sudeste. Trata-se de plantas terrestres, que crescem em locais abertos ou entre vegetação, em afloramentos rochosos, sobre solos geralmente secos e arenosos, encontradas de norte a sul da Chapada Diamantina, entre 1.000 – 1.800m. Floresce durante todo o ano, sobretudo na primavera e verão.”  Hoehne, em sua ótima coleção Flora Brasílica traz um verdadeiro tratado sobre  as diversas espécies de Epistephium, incluindo a sclerophyllum, de onde foi copiado o desenho (tábula nº37 – in Flora Brasílica, fasc. 8 – vol. XII, 13-43) em nanquim que ilustra este artigo.
    Classificação
    anigif_orchy_cuiabaGênero: Epistephium Kunth.; espécie: Epistephium sclerophyllum Lindley 1840; Tribo: Neottiinae; Subtribo: Vanilleae Pfitzer; Etimologia: epistephium, do grego “epistephes”, significa “coroado”, formato do epicálice no ápice do ovário. Epíteto: do grego “sclerophyllon”, “folha dura”, em referência à consistência de suas folhas. Sinônimos:  Epistephium lucidum Cogneaux, Epistephium mardenii Ruschi e Epistephium praestans Hoehne.


     Pesquisa Orquidário Cúiabá

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